O Programa Ecologia tem por objetivo a construção do conhecimento científico sobre os fatores que determinam a estruturação das comunidades de restinga, na forma de um Programa de Pesquisa 1) . Estamos embasados em um arcabouço teórico relacionados a filtros ecológicos e variação na hierarquia de importância de diferentes processos em diferentes escalas 2). As teorias e processos que estamos interessados são: nicho, teorias neutra de Hubbell, metapopulações, biogeografia de ilhas, gradiente de estresse ambiental, teorias de montagem de comunidades, limitação de dispersão, competição, facilitação, estruturação funcional de comunidades, entre outras teorias da ecologia.
Para que os fatores determinantes da estruturação de comunidades de restinga possam ser investigados é fundamental que os padrões sejam primeiramente descritos. Dessa forma, estão sendo estudados aspectos relacionados à composição e estrutura dos ecossistemas de restingas, assim como os mecanismos geradores e mantenedores desses padrões.
A Parcela Permanente da Restinga criou a base de dados inicial dos estudos do programa ecologia na restinga do Labtrop, veja mais informações em:
A monografia de mestrado da aluna Mariana Brando Faria marca o início da descrição dos ambientes florestais das restingas da Ilha do Cardoso e a construção de um modelo de estruturação das principais fisionomias vegetais:
Modelo conceitual da estruturação da Restinga baixa - Mariana Faria
Esse modelo defende a hipótese que a estrutura das florestas alta e baixa de restinga é mantida por uma interação entre condições edáficas e a própria estrutura da vegetação. Solos arenosos mais jovens e com menos matéria orgânica incorporada seriam mais pobres e com menor capacidade de retenção de água. Por essa razão comportariam uma densidade e diversidade de árvores menor. Por outro lado, a vegetação sobre esses solos seria mais aberta, favorecendo a germinação de sementes e produzindo um banco de plântulas mais denso e diversificado. A inversão na diversidade na restinga baixa entre jovens e adultos se daria, então, por uma forte competição na fase de plântula, dada a maior densidade, sendo excluídas as espécies piores competidoras. O processo inverso estaria acontecendo na Restinga alta. A partir desse modelo e em suas modificações, outros trabalhos foram realizados. Alguns dos padrões preditos por esse modelo foram verificados e outros padrões previstos não.
A organização das pesquisas no Labtrop passa pelo processo da (1) descrição dos padrões; (2) geração de hipõtese, (3) teste dessas hipótese, (4) geração de hipótese alternativas. Quando iniciamos os estudos na restinga notamos que muitos padrões mais básicos ainda não estavam descritos ou publicados. O próprio padrão de aumento da biomassa na vegetação mais próxima do mar em direção ao interior foi contestado por referees que desconhecem o sistema. Portanto, em nossos estudos buscamos agrupar trabalhos que testam hipóteses através da busca do padrão previsto com experimentações em campo dos mecanismos geradores destes padrões, para conferir maior poder de inferência aos estudos.
Demandas Conflitantes - Daniela Zanelato
Estratégias de vida e distãncia filogenética de árvores - Gabriel Frey
Hipótese de Fuga - Marcia Pannuti
Facilitação por Leguminosas - Julia Stuart
Leguminosas estão geralmente associadas com bactérias que fixam nitrogênio atmosférico em nódulos nas raízes. Em solos muito pobres é esperado que essa associação seja ainda mais intensa e importante, por compensar sobremaneira o gasto energético pela planta, relacionada à associação. O objetivo desse trabalho foi testar se há uma melhora nas condições nutricionais ao redor de indivíduos arbóreos grandes de leguminosa e se isso acarreta uma associação de facilitação com outras espécies.
Uma teoria muito aclamada na ecologia atual é a do “Gradiente de Estresse”. Esse teoria prevê maior facilitação entre plantas quando as condições ambientais abióticas (temperatura, dessecamento, deficit nutricional) são mais difíceis e uma maior competição, quando as condições são mais amenas. A restinga, por apresentar um gradiente de estresse bem marcado, associado à distância do mar e variações na condição do solo, é um sistema muito adequado para testar essa teoria.
Gradiente de estresse na Restinga - Camila Castanho
A estrutura das comunidades é determinada essencialmente por interações não-lineares entre (1) processos estocásticos, (2) tolerâncias específicas de espécies a um gradiente de condições abióticas, (3) interações positivas e negativas diretas e indiretas entre plantas, e (4) interações diretas com outros organismos, dentro e entre níveis tróficos. O projeto Conserva Restinga tem estudos tratando de todas esses tópicos. Abaixo a lista de projetos realizados ou em realização até 2013.
José Pedro Nepomuceno Ribeiro e Alexandre Adalardo de Oliveira