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trabalhos:resumos [2021/05/14 19:24]
jennifervasconcelosjdsv2
trabalhos:resumos [2021/12/08 01:38]
jennifervasconcelosjdsv2
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 ===== Dissertações de Mestrado ===== ===== Dissertações de Mestrado =====
  
 +=== BEL, Renan Lucas Siena Del ===
 +[[https://​www.teses.usp.br/​teses/​disponiveis/​41/​41134/​tde-13092021-190404/​pt-br.php|Dissertação completa.pdf]]
  
-=== PARMIGIANI, Renan ===+**Recrutamento de árvores em uma floresta de restinga: Influências da vizinhança funcional e do solo**
  
 +**Resumo:** Enquanto comunidades biológicas são sistemas complexos, onde inúmeros mecanismos atuam em diferentes escalas e diferentes processos podem gerar o mesmo padrão, uma das formas para responder perguntas relativas à montagem de comunidades vegetais é correlacionar padrões ambientais indicativos de processos de nicho subjacentes com os padrões emergentes de uma comunidade. Assim, é essencial que continuemos desenvolvendo nosso entendimento de como representar processos de nicho e como melhor acessar a estrutura da comunidade. Neste trabalho investigamos como diferentes variáveis ambientais contribuem para nosso entendimento dos processos de nicho. Em particular, estamos interessados em como variáveis de natureza biótica ou abiótica interagem e contribuem para o padrão observado na estrutura da comunidade e como a inserção desses componentes é importante para melhor identificar os processos envolvidos na montagem da comunidade. Utilizamos a distribuição espacialmente explícita de atributos foliares dos indivíduos jovens (recrutados nos últimos 10 anos) de uma restinga na Ilha do Cardoso para representar o padrão resultante dos processos de montagem e utilizamos dados coletados em 2009 para reconstruir o ambiente biótico em que esses indivíduos foram recrutados. Encontramos que diferentes combinações de variáveis ambientais explicam diferentes distribuições de atributos foliares, mas quando incluímos as espécies dos indivíduos jovens como fator aleatório em nossos modelos, nossos resultados não apontam correlação entre variáveis ambientais e atributos foliares. Devido a esses resultados discrepantes inferimos que, embora ambas as variáveis bióticas e abióticas atuem juntas como preditoras da estrutura da comunidade, elas o fazem influenciando a distribuição das espécies, que por sua vez está correlacionada com os valores dos atributos dos indivíduos. Assim, variáveis ambientais são informativas apenas na ausência de informação sobre a identidade das espécies. Baseado nesses resultados, nós propomos que ambos os tipos de variáveis ambientais (bióticas e abióticas) devem ser utilizadas em conjunto para descrever os processos de nicho de uma comunidade, pois ambas podem ser complementares e eventualmente interagir para formar um quadro mais completo. Em conjunto, nossos resultados abrem linhas de investigação com potencial para ampliar nosso entendimento dos mecanismos envolvidos na montagem de comunidades de árvores e podem informar futuros trabalhos da área, ajudando-os a obter melhor resolução em análises da estrutura de comunidades. ​
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 +=== SOUZA, Luanne Caires da Cruz ===
 +[[https://​teses.usp.br/​teses/​disponiveis/​41/​41134/​tde-22102018-145200/​pt-br.php|Dissertação completa.pdf]]
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 +**Facilitação e competição em planícies costeiras: meta-análise de fatores determinantes de interações entre plantas**
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 +**Resumo:** Plantas estabelecidas nas proximidades de outras plantas podem ter sua performance afetada positiva ou negativamente por seus vizinhos, caracterizando,​ respectivamente,​ interações de facilitação e competição. Considerando que ambas as interações podem ocorrer de forma simultânea,​ compreender o predomínio de cada uma delas em diferentes contextos ecológicos é fundamental para o entendimento da estrutura de comunidades vegetais. De acordo com a hipótese do gradiente de estresse (HGE), a facilitação tende a predominar em ambientes mais severos, mas o balanço das interações depende ainda das características dos indivíduos envolvidos, como forma de vida e estágio ontogenético. Como condições ambientais severas e alta diversidade de formas de vida vegetais são características de planícies costeiras, o número de estudos investigando interações entre plantas tem aumentado rapidamente nesses ambientes, com conclusões aparentemente divergentes. No entanto, ainda não há uma síntese sistemática e quantitativa dos fatores que afetam o balanço entre facilitação e competição nesses ecossistemas. Nós realizamos uma meta-análise em escala global para investigar os efeitos do estresse ambiental e a influência simultânea da forma de vida e do estágio ontogenético das plantas sobre o balanço entre facilitação e competição em planícies costeiras. Utilizamos quatro variáveis de performance para estimar o balanço de interações:​ abundância,​ sobrevivência,​ crescimento e reprodução. Ao contrário do predito pela HGE, encontramos que impactos negativos de plantas vizinhas sobre a reprodução de outras plantas aumentam com a aridez do ambiente, mas que esse efeito não é observado para outras variáveis de performance. Nossos resultados também mostram que vizinhos lenhosos facilitam a sobrevivência de plântulas lenhosas e a reprodução de plantas herbáceas, enquanto vizinhos herbáceos facilitam o crescimento de outras herbáceas. De modo geral, o balanço das interações depende da variável de performance medida e tanto de condições ambientais quanto de características das plantas, indicando que esses fatores interagem. Tal interação e os diferentes mecanismos subjacentes à facilitação e à competição devem ser melhor investigados no futuro. A maior sobrevivência de plântulas lenhosas na presença de vizinhos lenhosos corrobora a ideia de retroalimentação positiva no processo sucessional que caracteriza o gradiente fisionômico da praia ao interior. Nossos resultados também reforçam o potencial do uso de plantas-berçários como ferramenta para restauração de planícies costeiras degradadas. ​
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 +=== SANO, Bruno ===
 +[[https://​teses.usp.br/​teses/​disponiveis/​41/​41134/​tde-13122016-094737/​pt-br.php|Dissertação completa.pdf]]
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 +**Relação entre características funcionais e o desempenho de espécies arbóreas nativas em um plantio de restauração**
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 +**Resumo:** Em ambientes degradados, a restauração ecológica visa acelerar o processo de sucessão ecológica. A técnica mais utilizada para a restauração de ambientes muito degradados é o plantio de mudas. A seleção das espécies é determinante para o sucesso dos projetos de restauração,​ pois as espécies precisam se estabelecer e crescer diante das condições do ambiente. Utilizar a abordagem de características funcionais pode ser uma ferramenta promissora para auxiliar a seleção de espécies em projetos de restauração. Em ambientes florestais, há evidências de que as características funcionais afetam o desempenho das espécies, entretanto, existem poucos estudos realizados em áreas em restauração. Neste estudo, foi avaliada a relação entre as características funcionais foliares e a taxa de crescimento relativo em altura e em diâmetro à altura do solo de espécies arbóreas nativas plantadas em uma área degradada que está sendo restaurada. Para descrever a relação entre as características funcionais e a taxa de crescimento relativo (TCR) dos indivíduos foi utilizada a abordagem de seleção de modelos baseados em modelos lineares de efeitos mistos (MLEM). A seleção de modelos foi realizada utilizando o critério de informação de Akaike (Akaike'​s Information Criterion) (AIC). As características funcionais não apresentaram relação com a taxa de crescimento relativo em altura e diâmetro dos indivíduos das espécies, possivelmente devido às diferenças nas condições ambientais entre ambientes florestais e ambientes degradados. Apesar de não ter sido encontrada uma relação entre as características funcionais e a TCR, o modelo mais plausível selecionado indica que indivíduos maiores no início do monitoramento possuem menores taxas de crescimento relativo em altura, ou seja, indivíduos mais altos possuem menores taxas de crescimento em altura. Isso pode ser um indicativo de que as espécies analisadas possuem taxa de crescimento relativo dependente do tamanho. Considerando que não foi encontrada relação entre as características funcionais morfológicas e a taxa de crescimento relativo em uma área em restauração,​ é razoável supor que essa abordagem não pode ser utilizada em todos os ambientes. Estudos que avaliem características funcionais foliares nos diferentes estágios de desenvolvimento das plantas em ambientes degradados podem refinar essas análises e ajudar a definir se a seleção de espécies para projetos de restauração pode ser feita usando a abordagem de características funcionais. ​
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 +=== PARMIGIANI, Renan ===
 [[https://​teses.usp.br/​teses/​disponiveis/​41/​41134/​tde-23102018-141149/​pt-br.php|Dissertação completa.pdf]] [[https://​teses.usp.br/​teses/​disponiveis/​41/​41134/​tde-23102018-141149/​pt-br.php|Dissertação completa.pdf]]
  
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 **Resumo:** Entender os processos que definem a montagem de comunidades é uma das questões centrais na ecologia. A influência de processos como o filtro ambiental e a competição pode ser observada na diversidade funcional das comunidades vegetais. A competição,​ através da exclusão competitiva,​ limita a similaridade de estratégias presentes na comunidade. O filtro ambiental, por outro lado, restringe as espécies que estão aptas a se estabelecer no local, diminuindo a diversidade funcional. É razoável pressupor que a influência desses processos varia em gradientes ambientais, onde o filtro ambiental exercerá maior influência em locais mais estressantes,​ e a competição,​ em locais menos estressantes. O objetivo deste trabalho é compreender a influência do filtro ambiental e da competição na diversidade funcional numa comunidade vegetal em um gradiente de estresse. Esperamos uma relação inversa entre diversidade funcional e estresse. O gradiente de estresse estudado ocorre na restinga do Parque Estadual da Ilha do Cardoso (Cananéia - SP). Amostramos 41 parcelas, com 104 espécies de plantas vasculares. Focamos a diversidade funcional em três dimensões: forma de vida, área foliar e atributos associados ao espectro de economia foliar (LES). Representamos o filtro ambiental utilizando variáveis edáficas associadas às restrições na restinga. Utilizamos a classificação de estratégias de Grime (CSR) para extrair o componente associado à competitividade de cada espécie, e a partir dela calculamos a média ponderada de cada parcela (CWM), para representar a competição. Construímos modelos lineares mistos (LMM) representando diferentes hipóteses relativas à diversidade funcional e selecionamos os melhores modelos pelo critério de Akaike (AIC). Avaliamos a diversidade funcional através das métricas: riqueza funcional (FRic), dispersão funcional (FDis) e CWM, que foram incluídas separadamente como respostas nos modelos. Na seleção de modelos o CWM de cada atributo, FRic das formas de vida e FRic para todos os atributos foram preditos pelo filtro ambiental. O FRic do LES, FRic da área foliar e todas FDis tiveram como modelo mais plausível o nulo, descartando a influência da competição e do filtro ambiental nesses componentes da diversidade funcional. A concentração em determinadas estratégias ao longo do gradiente explica a ausência de diferença na dispersão funcional. Inferimos que o filtro ambiental restringe certas estratégias,​ diminuindo a riqueza funcional ou deslocando o espaço funcional das comunidades. A ausência da competição afetando a diversidade funcional sugere que a limitação de similaridade exerce pouca influência na comunidade estudada, ou que a consequência da limitação de similaridade é compensada por outros processos. ​ **Resumo:** Entender os processos que definem a montagem de comunidades é uma das questões centrais na ecologia. A influência de processos como o filtro ambiental e a competição pode ser observada na diversidade funcional das comunidades vegetais. A competição,​ através da exclusão competitiva,​ limita a similaridade de estratégias presentes na comunidade. O filtro ambiental, por outro lado, restringe as espécies que estão aptas a se estabelecer no local, diminuindo a diversidade funcional. É razoável pressupor que a influência desses processos varia em gradientes ambientais, onde o filtro ambiental exercerá maior influência em locais mais estressantes,​ e a competição,​ em locais menos estressantes. O objetivo deste trabalho é compreender a influência do filtro ambiental e da competição na diversidade funcional numa comunidade vegetal em um gradiente de estresse. Esperamos uma relação inversa entre diversidade funcional e estresse. O gradiente de estresse estudado ocorre na restinga do Parque Estadual da Ilha do Cardoso (Cananéia - SP). Amostramos 41 parcelas, com 104 espécies de plantas vasculares. Focamos a diversidade funcional em três dimensões: forma de vida, área foliar e atributos associados ao espectro de economia foliar (LES). Representamos o filtro ambiental utilizando variáveis edáficas associadas às restrições na restinga. Utilizamos a classificação de estratégias de Grime (CSR) para extrair o componente associado à competitividade de cada espécie, e a partir dela calculamos a média ponderada de cada parcela (CWM), para representar a competição. Construímos modelos lineares mistos (LMM) representando diferentes hipóteses relativas à diversidade funcional e selecionamos os melhores modelos pelo critério de Akaike (AIC). Avaliamos a diversidade funcional através das métricas: riqueza funcional (FRic), dispersão funcional (FDis) e CWM, que foram incluídas separadamente como respostas nos modelos. Na seleção de modelos o CWM de cada atributo, FRic das formas de vida e FRic para todos os atributos foram preditos pelo filtro ambiental. O FRic do LES, FRic da área foliar e todas FDis tiveram como modelo mais plausível o nulo, descartando a influência da competição e do filtro ambiental nesses componentes da diversidade funcional. A concentração em determinadas estratégias ao longo do gradiente explica a ausência de diferença na dispersão funcional. Inferimos que o filtro ambiental restringe certas estratégias,​ diminuindo a riqueza funcional ou deslocando o espaço funcional das comunidades. A ausência da competição afetando a diversidade funcional sugere que a limitação de similaridade exerce pouca influência na comunidade estudada, ou que a consequência da limitação de similaridade é compensada por outros processos. ​
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 +=== ZIMBACK, Leticia Bolian ===
 +[[https://​teses.usp.br/​teses/​disponiveis/​41/​41134/​tde-08032017-153207/​pt-br.php|Dissertação completa.pdf]]
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 +**Quais características influenciam a limitação de dispersão de sementes em uma comunidade arbórea tropical?**
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 +**Resumo:** A limitação de dispersão de sementes tem sido empiricamente investigada como um mecanismo equalizador das diferenças competitivas entre espécies que coexistem em comunidades vegetais. Além da limitação espacial, as variações temporais da dispersão também podem ser importantes para a coexistência das espécies. O objetivo do estudo foi verificar a relação entre limitação de dispersão espacial (LDe) e limitação de dispersão temporal (LDt) e as características das espécies que influenciam as duas limitações. Em uma floresta da planície costeira, a chuva de sementes foi amostrada, ao longo de 36 meses, em 40 coletores (20m2) distantes 100m entre si e da borda do fragmento. A abordagem de seleção de modelos mistos foi utilizada para testar a relação entre a limitação de dispersão e a massa média das sementes, a síndrome de dispersão, a altura máxima local e a frequência de distribuição dos indivíduos adultos. Os resultados encontrados mostram que as proporções de espécies analisadas limitadas espacial (90,3%) e temporalmente (70,9%) foram altas e a correlação entre LDe e LDT também foi alta (Spearman = 0,8). Tanto para LDe como LDt, foram selecionados a massa média das sementes, a altura máxima e a frequência de distribuição de adultos. Em geral, as relações encontradas indicam que espécies com sementes maiores, com menor altura máxima e menor frequência de distribuição dos indivíduos adultos são mais limitadas espacial e temporalmente. Apesar desses fatores terem sido selecionados,​ houve uma grande variação nos efeitos para as espécies analisadas. O estudo reforça o fato do mecanismo de limitação de dispersão espacial ser frequentemente encontrado em comunidades arbóreas e apresenta uma abordagem temporal para o estudo da limitação de dispersão. A redução das interações competitivas interespecíficas,​ decorrente das altas limitações de dispersão observadas no estudo, se contrapõe às teorias amplamente aceitas (Janzen-Connell) que indicam os mecanismos de dispersão eficientes de sementes como uma forma de minimizar a competição intraespecífica. A importância relativa dos mecanismos de dispersão e de limitação de dispersão para a manutenção da diversidade em comunidades deveria ser estudada para avaliar em quais situações ou para quais conjuntos de espécies a coexistência é mediada pela ausência das interações intraespecíficas ou interespecíficas. ​
  
  
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 **Resumo:** A ocorrência de distúrbios impacta a diversidade de estratégias de vida em comunidades e a evolução de estratégias de vida em populações. Na Ecologia, o distúrbio é estudado enquanto fator ambiental que altera a disponibilidade de recursos e a abundância das populações,​ ocasionando a exclusão competitiva de espécies menos favorecidas a depender da intensidade e da frequência de sua ocorrência. Na Biologia Evolutiva, o distúrbio é avaliado enquanto pressão que, dependendo de sua regularidade no ambiente, determina a intensidade da resposta evolutiva das espécies e, assim, a adaptação a estratégias de vida de maior aptidão. Ainda que haja separação entre as duas áreas, a dinâmica ecológica influencia a dinâmica evolutiva e vice-versa. Estudos que integram Ecologia e Evolução têm sido cada vez mais recorrentes,​ no entanto, poucos ou nenhum consideram o distúrbio. Neste trabalho, utilizamos um modelo baseado em indivíduo para criar cenários nos quais os processos de adaptação e exclusão competitiva de espécies possam ocorrer, tanto conjunta quanto isoladamente,​ a fim de entender como o distúrbio determina as estratégias de vida presentes em comunidades sob dinâmicas ecológicas,​ evolutivas e eco-evolutivas. No modelo, as estratégias de vida são atributos herdáveis definidos por um trade-off entre longevidade e fecundidade. O cenário evolutivo foi composto por populações (apenas uma espécie) com mutação; o cenário ecológico, por diversas espécies sem mutação e o cenário eco-evolutivo,​ por diversas espécies com mutação. Observamos que o distúrbio esteve positivamente relacionado com a predominância de indivíduos fecundos em todos os cenários, mas o efeito do distúrbio sobre a diversidade de estratégias variou. Nos cenários evolutivo e eco-evolutivo,​ a diversidade de estratégias aumentou com a intensificação do distúrbio, enquanto no cenário ecológico a diversidade caiu. Isso indica a importância da mutação como fonte de novas variantes da estratégia quando há alta renovação de indivíduos da comunidade, condicionada pela mortalidade elevada. Apenas no cenário eco-evolutivo houve um pico de heterogeneidade de estratégias em níveis intermediários de distúrbio. Neste cenário, o isolamento reprodutivo das espécies, em contraposição à pan-mixia que ocorre dentro das populações,​ permite que as espécies difiram em relação à sua estratégia de vida média. Em paralelo, a entrada constante de variantes de estratégias por mutação previne a extinção definitiva das estratégias do sistema. Assim, quando o nível de distúrbio é intermediário,​ tanto espécies mais fecundas quanto espécies mais longevas conseguem coexistir na comunidade. Dado que os diferentes cenários resultaram em padrões distintos de frequência relativa de estratégias de vida, este trabalho evidencia a importância de estudarmos o efeito do distúrbio na estrutura e na dinâmica de comunidades unindo processos que são tipicamente estudados de forma isolada pela Ecologia e pela Biologia Evolutiva. ​ **Resumo:** A ocorrência de distúrbios impacta a diversidade de estratégias de vida em comunidades e a evolução de estratégias de vida em populações. Na Ecologia, o distúrbio é estudado enquanto fator ambiental que altera a disponibilidade de recursos e a abundância das populações,​ ocasionando a exclusão competitiva de espécies menos favorecidas a depender da intensidade e da frequência de sua ocorrência. Na Biologia Evolutiva, o distúrbio é avaliado enquanto pressão que, dependendo de sua regularidade no ambiente, determina a intensidade da resposta evolutiva das espécies e, assim, a adaptação a estratégias de vida de maior aptidão. Ainda que haja separação entre as duas áreas, a dinâmica ecológica influencia a dinâmica evolutiva e vice-versa. Estudos que integram Ecologia e Evolução têm sido cada vez mais recorrentes,​ no entanto, poucos ou nenhum consideram o distúrbio. Neste trabalho, utilizamos um modelo baseado em indivíduo para criar cenários nos quais os processos de adaptação e exclusão competitiva de espécies possam ocorrer, tanto conjunta quanto isoladamente,​ a fim de entender como o distúrbio determina as estratégias de vida presentes em comunidades sob dinâmicas ecológicas,​ evolutivas e eco-evolutivas. No modelo, as estratégias de vida são atributos herdáveis definidos por um trade-off entre longevidade e fecundidade. O cenário evolutivo foi composto por populações (apenas uma espécie) com mutação; o cenário ecológico, por diversas espécies sem mutação e o cenário eco-evolutivo,​ por diversas espécies com mutação. Observamos que o distúrbio esteve positivamente relacionado com a predominância de indivíduos fecundos em todos os cenários, mas o efeito do distúrbio sobre a diversidade de estratégias variou. Nos cenários evolutivo e eco-evolutivo,​ a diversidade de estratégias aumentou com a intensificação do distúrbio, enquanto no cenário ecológico a diversidade caiu. Isso indica a importância da mutação como fonte de novas variantes da estratégia quando há alta renovação de indivíduos da comunidade, condicionada pela mortalidade elevada. Apenas no cenário eco-evolutivo houve um pico de heterogeneidade de estratégias em níveis intermediários de distúrbio. Neste cenário, o isolamento reprodutivo das espécies, em contraposição à pan-mixia que ocorre dentro das populações,​ permite que as espécies difiram em relação à sua estratégia de vida média. Em paralelo, a entrada constante de variantes de estratégias por mutação previne a extinção definitiva das estratégias do sistema. Assim, quando o nível de distúrbio é intermediário,​ tanto espécies mais fecundas quanto espécies mais longevas conseguem coexistir na comunidade. Dado que os diferentes cenários resultaram em padrões distintos de frequência relativa de estratégias de vida, este trabalho evidencia a importância de estudarmos o efeito do distúrbio na estrutura e na dinâmica de comunidades unindo processos que são tipicamente estudados de forma isolada pela Ecologia e pela Biologia Evolutiva. ​
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 +=== PEREIRA, Thiago Mitonori===
 +[[https://​teses.usp.br/​teses/​disponiveis/​41/​41134/​tde-10102014-105432/​pt-br.php|Dissertação completa.pdf]]
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 +**Efeitos da nucleação nas respostas fisiológicas de mudas arbóreas em uma área de restauração ecológica**
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 +**Resumo:** A nucleação é uma técnica de restauração florestal na qual se espera que o plantio agregado de mudas aumente o recrutamento e o estabelecimento de espécies, uma vez que o crescimento de algumas plantas pode fornecer melhores condições ambientais para as plantas vizinhas. Porém, o plantio agregado também pode intensificar a competição por nutrientes entre as plantas. Espera-se que o efeito facilitador do núcleo seja maior para espécies não pioneiras, que são mais sensíveis a altas irradiâncias e melhores competidoras por nutrientes. Para espécies pioneiras, tolerantes a altas irradiâncias e piores competidoras,​ os núcleos devem ser desfavoráveis. A adição de nutrientes pode minimizar a competição e tornar os núcleos mais favoráveis,​ principalmente às espécies pioneiras. Com o objetivo de avaliar respostas das mudas à nucleação e à adição de nutrientes, foram avaliados a eficiência fotossintética máxima (Fv/Fm) e o conteúdo de pigmentos fotossintéticos. Temperaturas foliares e do solo foram medidas para avaliar o potencial do núcleo em minimizar microclimas extremos. As mudas foram plantadas em parcelas, cada uma com uma combinação de tipo de plantio, em núcleo ou em linha, e tipo de adubo aplicado, com adubo químico (NPK), com terra vegetal ou sem adubação. Os núcleos foram compostos de 13 mudas de espécies diferentes, sendo 5 pioneiras e 8 não pioneiras. As mudas foram separadas entre si por distâncias de aproximadamente 30 cm. Nas linhas as mudas foram plantadas isoladas entre si por 2 m. Mudas plantadas no sistema de nucleação apresentaram melhores condições,​ com maior Fv/Fm e conteúdo de clorofilas a, b e total (a+b), indicando efeitos de facilitação do núcleo. Menores temperaturas foliares e do solo foram encontradas em núcleos. Tanto plantas de espécies pioneiras quanto não pioneiras apresentaram sinais de fotoinibição,​ com valores de Fv/Fm abaixo do considerado como livre de estresse, quando plantadas tanto em linhas quanto em núcleos. Os sinais de fotoinibição foram maiores para o grupo de não pioneiras, com menores valores Fv/Fm. Não pioneiras apresentaram menor razão de clorofila a/b, evidenciando seu investimento em absorver maior quantidade de luz. Entretanto, o efeito diferenciado dos núcleos para espécies pioneiras e não pioneiras não foi conclusivo, assim como os efeitos da adição de nutrientes. O presente estudo fornece evidências para o efeito de facilitação em núcleos, agregando mais uma informação aos efeitos benéficos da nucleação,​ fornecendo subsídios para a recomendação da utilização dessa técnica em restauração. Não foram encontrados indícios que o plantio em núcleos seja prejudicial para pioneiras ou não pioneiras, justificando,​ dessa forma, o plantio de núcleos mistos. ​
  
 === VENDRAMI, Juliana Lopes === === VENDRAMI, Juliana Lopes ===
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 **Resumo:** A presente dissertação teve como objetivo investigar se padrões presentes nas comunidades arbóreas adultas podem ser gerados por diferenças em aspectos relacionados ao nicho de regeneração das espécies. Nosso modelo de estudo foram duas florestas de restinga localizadas na Ilha do Cardoso, litoral sul do estado de São Paulo. A floresta de restinga alta (RA) é uma formação geologicamente mais antiga e possui dossel mais fechado que a floresta de restinga baixa (RB). No Capítulo 1, investigamos se as inversões de abundância das árvores adultas entre RA e RB podem ser geradas devido ao desempenho diferenciado destas espécies ainda na fase de plântula, devido à atuação do filtro ambiental luminosidade. Hipotetizamos que as espécies apresentem pior desempenho no estágio de plântula na floresta em que são menos abundantes como adultos, devido a uma demanda conflitante entre crescimento e sobrevivência. Esperávamos também que a mortalidade por patógenos fosse a principal causa de mortalidade das plântulas na floresta mais sombreada. Realizamos um experimento manipulativo em campo com seis espécies arbóreas, no qual plântulas com um mês após a germinação foram transplantadas nas duas florestas e no viveiro. Acompanhamos o desempenho destas plântulas durante nove meses. Não houve diferenças no desempenho das espécies entre as duas florestas estudadas, exceto na sobrevivência de Clusia criuva (no sentido esperado) e de Tapirira guianensis (sentido oposto ao esperado). Diferente do esperado, a principal causa de mortalidade de todas as espécies foi a herbivoria severa e não foi observado um conflito entre crescimento e sobrevivência. No Capítulo 2 investigamos se as diferenças de tamanho de semente entre as espécies arbóreas zoocóricas podem gerar diferenças nos padrões da comunidade adulta e essas diferenças ocorrem devido à atuação do filtro ambiental da luminosidade ou apenas devido às diferenças de capacidade de dispersão das espécies. Acompanhamos a chuva de sementes das espécies zoocóricas arbóreas durante quatro anos nas duas florestas e verficamos que a capacidade de dispersão ativa está negativamente relacionada ao tamanho de sementes, como é previsto por ambas as hipóteses (filtro ambiental e capacidade dispersão). Além disso, a relação entre a produção média de sementes e o tamanho de sementes apresentou um padrão triangular, de modo que as espécies de sementes grandes apresentam sempre baixas produções. Comparamos os tamanhos médios de sementes e a amplitude de tamanhos de sementes dos indivíduos e espécies estabelecidos como adultos nas duas florestas (DAP>= 5cm). Verificamos que a RA apresenta tamanho médio de semente e amplitude de tamanhos de sementes maiores que a RB. Além disso, a composição florística da RB está aninhada na composição da RA. Assim, hipotetiamos que as diferenças na capacidade de dispersão das espécies, aliadas às diferenças de idade das florestas são responsáveis pela distribuição de tamanho de sementes dos adultos estabelecidos nas duas florestas. Por fim, no capítulo 3, realizamos uma revisão bibliográfica sobre o papel dos microorganismos do solo no nicho de regeneração das espécies arbóreas tropicais. Foram encontrados estudos que abordam apenas a atuação de fungos, seja em interações positivas (fungos micorrízicos) ou negativas (fungos patogênicos). Discutimos os principais fatores e características associadas à mortalidade por patógenos do solo, bem como relações levantadas pelos estudos pioneiros que não foram corroboradas ou testadas. ​ **Resumo:** A presente dissertação teve como objetivo investigar se padrões presentes nas comunidades arbóreas adultas podem ser gerados por diferenças em aspectos relacionados ao nicho de regeneração das espécies. Nosso modelo de estudo foram duas florestas de restinga localizadas na Ilha do Cardoso, litoral sul do estado de São Paulo. A floresta de restinga alta (RA) é uma formação geologicamente mais antiga e possui dossel mais fechado que a floresta de restinga baixa (RB). No Capítulo 1, investigamos se as inversões de abundância das árvores adultas entre RA e RB podem ser geradas devido ao desempenho diferenciado destas espécies ainda na fase de plântula, devido à atuação do filtro ambiental luminosidade. Hipotetizamos que as espécies apresentem pior desempenho no estágio de plântula na floresta em que são menos abundantes como adultos, devido a uma demanda conflitante entre crescimento e sobrevivência. Esperávamos também que a mortalidade por patógenos fosse a principal causa de mortalidade das plântulas na floresta mais sombreada. Realizamos um experimento manipulativo em campo com seis espécies arbóreas, no qual plântulas com um mês após a germinação foram transplantadas nas duas florestas e no viveiro. Acompanhamos o desempenho destas plântulas durante nove meses. Não houve diferenças no desempenho das espécies entre as duas florestas estudadas, exceto na sobrevivência de Clusia criuva (no sentido esperado) e de Tapirira guianensis (sentido oposto ao esperado). Diferente do esperado, a principal causa de mortalidade de todas as espécies foi a herbivoria severa e não foi observado um conflito entre crescimento e sobrevivência. No Capítulo 2 investigamos se as diferenças de tamanho de semente entre as espécies arbóreas zoocóricas podem gerar diferenças nos padrões da comunidade adulta e essas diferenças ocorrem devido à atuação do filtro ambiental da luminosidade ou apenas devido às diferenças de capacidade de dispersão das espécies. Acompanhamos a chuva de sementes das espécies zoocóricas arbóreas durante quatro anos nas duas florestas e verficamos que a capacidade de dispersão ativa está negativamente relacionada ao tamanho de sementes, como é previsto por ambas as hipóteses (filtro ambiental e capacidade dispersão). Além disso, a relação entre a produção média de sementes e o tamanho de sementes apresentou um padrão triangular, de modo que as espécies de sementes grandes apresentam sempre baixas produções. Comparamos os tamanhos médios de sementes e a amplitude de tamanhos de sementes dos indivíduos e espécies estabelecidos como adultos nas duas florestas (DAP>= 5cm). Verificamos que a RA apresenta tamanho médio de semente e amplitude de tamanhos de sementes maiores que a RB. Além disso, a composição florística da RB está aninhada na composição da RA. Assim, hipotetiamos que as diferenças na capacidade de dispersão das espécies, aliadas às diferenças de idade das florestas são responsáveis pela distribuição de tamanho de sementes dos adultos estabelecidos nas duas florestas. Por fim, no capítulo 3, realizamos uma revisão bibliográfica sobre o papel dos microorganismos do solo no nicho de regeneração das espécies arbóreas tropicais. Foram encontrados estudos que abordam apenas a atuação de fungos, seja em interações positivas (fungos micorrízicos) ou negativas (fungos patogênicos). Discutimos os principais fatores e características associadas à mortalidade por patógenos do solo, bem como relações levantadas pelos estudos pioneiros que não foram corroboradas ou testadas. ​
 +
 +=== CARVALHO, Gabriel Martins de ===
 +[[http://​www.biblioteca.uesc.br/​pergamum/​biblioteca/​index.php|Dissertação completa.pdf]]
 +
 +**Influência de processos estocásticos sobre a estruturação de comunidades em Floresta de Tabuleiros, Bahia, Brasil**
 +
 +**Resumo:** A compreensão dos fatores que possibilitam a coexistência de grande número de espécies em
 +florestas tropicais é um dos objetivos centrais em ecologia vegetal. Estudos indicam que a
 +substituição de espécies (diversidade beta) pode explicar as altas diversidades (alfa) nessas
 +florestas. Processos tanto determinísticos quanto estocásticos podem determinar as
 +distribuições das espécies, afetando as taxas de substituição de espécies ao longo dessas
 +comunidades. Nesse contexto, o presente estudo buscou avaliar variações em composição e
 +abundâncias de espécies de árvores, bem como dos seus atributos morfométricos (diâmetros e
 +alturas) entre dois tipos de hábitats em Floresta de Tabuleiros. Essas Florestas ocorrem ao
 +longo de uma formação geológica que caracteriza-se por amplos platôs entrecortados por vales.
 +Características edáficas e de luminosidade variam entre essas unidades topográficas e, se esses
 +fatores forem importantes para definir a estrutura destas comunidades,​ espera-se que as
 +comunidades de árvores sejam diferentes. Foram amostrados 1810 indivíduos arbóreos e 349
 +morfoespécies com DAP > 5cm ao longo de dez unidades amostrais de 0,1 ha. Foram
 +realizadas comparações entre os hábitats quanto à composição,​ estrutura e fisionomia. Além
 +disso, foi testada a ocorrência de espécies indicadoras de hábitats. As espécies mais abundantes
 +nos platôs foram //Manilkara multifida//,​ //Eugenia rostrata//, //Rinorea guianensis//​ e //​Paypayrola
 +blanchetiana//​. Nos vales foram //​Actinostemon verticilatus//,​ //E. rostrata//, //P. blanchetiana//​ e
 +//​Helicostylis tomentosa//​. Foi observada alta substituição de espécies entre as amostras mesmo
 +dentro de um mesmo hábitat, não havendo a ocorrência de conjuntos característicos de
 +espécies em cada um deles. Não foram observadas diferenças significativas entre os hábitats
 +quanto às abundâncias totais, diâmetros e alturas das árvores ou áreas basais totais. Apenas
 +Croton macrobothrys,​ dentre as 349 espécies amostradas, mostrou-se significativamente
 +associada ao hábitat de vale. Os padrões de distribuições de espécies nessa comunidade
 +sugerem a operação de mecanismos neutros na estruturação da mesma, de modo que não é
 +possível afirmar que as espécies aqui observadas apresentam diferenciação de nicho ao longo
 +do gradiente ambiental analisado. Foram observadas diferenças nas abundâncias das espécies
 +entre os hábitats, entretanto, não foram observadas espécies exclusivas de um determinado
 +hábitat. ​
 +
  
 === VAZ, Marcel Carita === === VAZ, Marcel Carita ===
Linha 139: Linha 207:
  
 **Resumo:** Muitos estudos vêm comprovando a importância das interações positivas sobre a distribuição e diversidade das espécies em comunidades de plantas. Interações positivas e negativas ocorrem simultaneamente e o efeito líquido de uma espécie sobre a outra é o produto dessas interações combinadas. O principal objetivo do presente trabalho foi avaliar se leguminosas fixadoras de nitrogênio facilitam outras espécies arbóreas em um ambiente com baixa disponibilidade desse recurso. Para isso, estudamos o efeito da presença de leguminosas sobre a densidade de espécies e indivíduos pertencentes a dois estratos (DAP > 1 cm e 1 ; DAP ; 10 cm) em seu entorno, bem como os padrões de associação espacial entre as leguminosas e outras espécies arbóreas na área de estudo, utilizando uma abordagem com modelos nulos. Os resultados obtidos foram dependentes da espécie de leguminosa considerada. No capítulo 1, a leguminosa Balizia pedicellaris (DC.) Barneby & J.W.Grimes apresentou maior densidade de espécies em seu entorno, em ambos os estratos, embora não tenha ocorrido efeito sobre a densidade de indivíduos. A espécie Ormosia arborea Harms não apresentou efeito sobre a densidade de espécies nem de indivíduos em seu entorno. A espécie Andira anthelmia (Vell.) J. F. Macbr. apresentou um efeito negativo sobre a densidade de espécies e indivíduos do estrato superior (1 ≤ DAP ≥ 10 cm), contrariando a nossa hipótese de trabalho. No capítulo 2, os padrões de associação espacial também foram distintos entre as espécies de leguminosas,​ com diferenças na identidade das espécies associadas, bem como no tipo de associação (positiva ou negativa). Os resultados indicam que, apesar de pertencerem ao mesmo grupo funcional, as leguminosas influenciam diferentemente as espécies em seu entorno, dependendo de suas características morfológicas e fisiológicas,​ como a capacidade de fixar nitrogênio em determinado sistema ou até mesmo de produzir compostos alelopáticos. **Resumo:** Muitos estudos vêm comprovando a importância das interações positivas sobre a distribuição e diversidade das espécies em comunidades de plantas. Interações positivas e negativas ocorrem simultaneamente e o efeito líquido de uma espécie sobre a outra é o produto dessas interações combinadas. O principal objetivo do presente trabalho foi avaliar se leguminosas fixadoras de nitrogênio facilitam outras espécies arbóreas em um ambiente com baixa disponibilidade desse recurso. Para isso, estudamos o efeito da presença de leguminosas sobre a densidade de espécies e indivíduos pertencentes a dois estratos (DAP > 1 cm e 1 ; DAP ; 10 cm) em seu entorno, bem como os padrões de associação espacial entre as leguminosas e outras espécies arbóreas na área de estudo, utilizando uma abordagem com modelos nulos. Os resultados obtidos foram dependentes da espécie de leguminosa considerada. No capítulo 1, a leguminosa Balizia pedicellaris (DC.) Barneby & J.W.Grimes apresentou maior densidade de espécies em seu entorno, em ambos os estratos, embora não tenha ocorrido efeito sobre a densidade de indivíduos. A espécie Ormosia arborea Harms não apresentou efeito sobre a densidade de espécies nem de indivíduos em seu entorno. A espécie Andira anthelmia (Vell.) J. F. Macbr. apresentou um efeito negativo sobre a densidade de espécies e indivíduos do estrato superior (1 ≤ DAP ≥ 10 cm), contrariando a nossa hipótese de trabalho. No capítulo 2, os padrões de associação espacial também foram distintos entre as espécies de leguminosas,​ com diferenças na identidade das espécies associadas, bem como no tipo de associação (positiva ou negativa). Os resultados indicam que, apesar de pertencerem ao mesmo grupo funcional, as leguminosas influenciam diferentemente as espécies em seu entorno, dependendo de suas características morfológicas e fisiológicas,​ como a capacidade de fixar nitrogênio em determinado sistema ou até mesmo de produzir compostos alelopáticos.
 +
 +=== LACERDA, Victória Duarte ===
 +[[http://​www.biblioteca.uesc.br/​pergamum/​biblioteca/​index.php|Dissertação completa.pdf]]
 +
 +**Estrutura e composição da vegetação de uma mussununga herbáceo-arbustiva no Sul da Bahia, Brasil**
 +
 +**Resumo:​**Mussununga é uma formação vegetal presente no domínio Mata Atlântica, encontrada
 +sobre os tabuleiros no norte do Espírito Santo e sul da Bahia. Esta vegetação ocorre
 +sobre manchas de solos de areia branca em meio a florestas e possui fisionomias
 +similares às das restingas. O presente trabalho foi realizado em uma Mussununga
 +herbáceo-arbustiva no sul da Bahia, Brasil. Parte desta área sofreu uma perturbação no
 +passado devido ao cultivo de //Cocos nucifera L.//, no entanto o cultivo foi abandonado. O
 +objetivo geral desse trabalho foi analisar a estrutura e composição desta comunidade
 +vegetal e avaliar suas relações florísticas com outras áreas. O primeiro capítulo aborda
 +apenas o trecho da área sem indícios de perturbação recente. Foi avaliada a estrutura, e
 +a composição da vegetação da área. Na área de estudo foram encontradas 76 espécies
 +subordinadas a 37 famílias botânicas e as famílias mais ricas foram Fabaceae,
 +Orchidaceae e Myrtaceae. A diversidade foi baixa (H'​=2,​53nats),​ no entanto a área
 +apresentou uma grande heterogeneidade ambiental. Posteriormente,​ foi realizada uma
 +análise florística a fim de verificar quais são os padrões de similaridade entre 20 áreas
 +de vegetação sobre solo de areia branca na Costa Atlântica do Brasil. Os resultados
 +indicaram uma forte correlação espacial e baixa correlação com as variáveis ambientais.
 +No segundo capítulo, o trecho de área sem indícios de perturbação recente e o trecho
 +perturbado foram comparados em relação à riqueza, diversidade,​ composição e
 +representatividade de grupos funcionais. A riqueza e a diversidade foram semelhantes
 +em ambas as áreas, contudo a composição apresentou grande diferença. A espécie mais
 +abundante nas duas áreas foi //Renvoizea trinii// (Poaceae). //Pteridium arachnoideum//​
 +(Dennstaedtiaceae) aumentou consideravelmente na área perturbada. Os grupos
 +funcionais apresentaram diferenças significativas em suas coberturas médias em função
 +das áreas. ​
 +
 +=== MORAES, Adriana de Olinda ===
 +[[http://​www.biblioteca.uesc.br/​pergamum/​biblioteca/​index.php|Dissertação completa.pdf]]
 +
 +**Efeito de matrizes antropizadas sobre a comunidade de epífitas de sub-bosque em fragmentos Florestais do Sul da Bahia, Brasil**
 +
 +**Resumo:** A paisagem em mosaico do sul do estado da Bahia é composta fundamentalmente por
 +fragmentos florestais, pastagens e plantações de cacau (//​Theobroma cacao L.//) sombreado,
 +conhecidas como cabrucas. A matriz agroflorestal cabruca é considerada eficiente para a
 +conservação de diversas espécies em comparação com outros sistemas agrícolas. Assim,
 +considerando- se a heterogeneidade da paisagem, verificou- se como o tipo de matriz
 +influencia a riqueza e abundância da comunidade de epífitas e hemiepífitas vasculares no
 +Refúgio de Vida Silvestre – Reserva Biológica de Una (Revis-REBIO de Una), Bahia,
 +Brasil. Para tanto, foram alocadas unidades amostrais de 800 m2 (oito subparcelas de 10x
 +10 m) uma borda e outra no interior de cada fragmentos imersos em matriz composta de
 +cabruca (MC) e pastagem (MP). Ao todo, foram oito fragmentos estudados (quatro em MC
 +e quatro em MP), perfazendo 12.800 m² de área amostrada. Árvores com CAP ≥ 5 foram
 +amostradas e contado o número de epífitas e hemiepífitas por forófito. Foram amostradas
 +10.557 árvores, das quais 4.057 (38,7%) eram forófitos portando 57 espécies de epífitas e
 +30 hemiepífitas,​ num total de 7.984 individuos distribuídos em 20 famílias. A família com
 +maior número de espécie foi Araceae (20 spp). A espécie mais abundante foi
 +//​Philodendron surinamense//​ (2.150 indivíduos). E quanto a influencia da matriz, o interior
 +dos fragmentos circundados por matriz pasto possui os maiores valores de abundância e
 +riqueza de epífitas e hemiepífitas. A abundância de epífitas é significativamente maior (p<
 +0,001) nos fragmentos com matriz pasto. As hemiepífitas são mais abundantes no interior
 +dos fragmentos com matriz pasto. Os fragmentos inseridos na matriz pasto possuem
 +significativamente (p < 0,02) mais espécies do que os fragmentos imersos na matriz
 +cabruca. Para hemiepífitas temos que as parcelas do interior dos fragmentos têm
 +significativamente (p= 0.0007) mais espécies do que as parcelas da borda. Quanto ao
 +número médio de árvores, a borda dos fragmentos inseridos na matriz pasto possui um
 +número médio maior de árvores do que o interior e nas parcelas inseridas na matriz
 +cabruca o interior dos fragmentos possui em média um número maior de árvores em
 +relação à borda. As maiores medidas de circunferência e o maior número de forófitos estão
 +nos fragmentos inseridos em fragmentos com matriz pasto. Nos fragmentos com matriz
 +cabruca as epífitas e hemiepífitas,​ no geral, ocupam os forófitos com maior circunferência
 +e nos fragmentos com matriz pasto as epífitas ocupam no interior do fragmento as árvores
 +com maiores circunferência e as hemiepífitas ocupam tanto na borda quanto no interior as
 +árvores com maiores CAPs. As unidades amostrais não se agruparam dentro de uma
 +mesma condição. //Anetium citrifolium//​ foi indicadora de interior de fragmentos com matriz
 +pasto.
 +
 +=== SALLES, Maysa da Costa Lima ===
 +
 +**Efeitos de borda lineares de diferentes idades sobre a composição e estrutura da comunidade arbustiva-arbórea na Mata Atlântica**
 +
 +**Resumo:** O processo de fragmentação reduz a área florestal e expõe a comunidade florística aos
 +efeitos de borda, mesmo que as bordas sejam representadas por aberturas lineares. Além
 +disso, fatores ambientais associados a distúrbios são importantes na variação da
 +comunidade florística de florestas tropicais. Neste sentido, a proposta deste estudo
 +consistiu em avaliar os efeitos de aberturas lineares de diferentes idades de criação (30 e
 +200 anos) do estrato médio, e comparar com o estrato superior, sobre a comunidade
 +arbustiva e arbórea de um trecho de Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro e a
 +influência dos fatores ambientais. Dados estruturais e de composição florística foram
 +comparados entre as localidades de estudo, a partir dos quais se avaliou a interação com
 +a declividade e altitude. Sugere-se que a comunidade arbustiva e arbórea adjacente às
 +duas aberturas lineares se encontram sob os efeitos de borda, porém, de forma menos
 +intensa, devido ao amortecimento dos impactos resultante da formação de uma camada
 +de vegetação secundária ao longo dos anos, associada a uma matriz adjacente florestal.
 +A borda de 200 anos apresentou baixa riqueza e composição florística diferenciada das
 +demais localidades,​ o que sugere que comunidade arbustiva e arbórea esteja sob danos
 +permanentes causados pelos efeitos de borda. A borda de 30 anos parece estar passando
 +por um período de transição,​ no qual as árvores de estágios sucessionais iniciais do
 +processo de sucessão, iniciado imediatamente após a criação da borda, podem ter
 +alcançado a idade adulta e junto às demais espécies arbóreas, compõem o atual estrato
 +superior florestal. A altitude e declividade exercem alguma influência na variação da
 +composição florística,​ mas outras co-variáveis topográficas deverão ser consideradas
 +para uma avaliação mais precisa.
  
 === PANNUTI, Márcia Ione da Rocha === === PANNUTI, Márcia Ione da Rocha ===
Linha 146: Linha 311:
  
 **Resumo:** Muitas teorias, englobando diferentes fatores e mecanismos, já foram postuladas para explicar a alta coexistência de espécies arbóreas nos trópicos, a qual permanece como uma questão intrigante e subentendida na ecologia vegetal. O estudo da dinâmica de árvores ao nível populacional contribui e embasa, por sua vez, o entendimento desses fatores e mecanismos atuando ao nível da comunidade. O objetivo geral do presente estudo foi investigar alguns aspectos relacionados com a dinâmica de uma espécie arbórea comum //​Calophyllum brasiliense//​ Camb.(Clusiaceae) em floresta de restinga alta Ilha do Cardoso, Cananéia, SP. Para isso, além de termos testado se a sobrevivência e o desempenho de suas plântulas estavam relacionados com níveis de herbivoria dependentes da densidade, testamos se a ocorrência da espécie apresentava associação com hábitats de solo e caracterizamos sua distribuição espacial na área de estudo. Na Introdução Geral (Capítulo 1) nós enumeramos as principais teorias já propostas para explicar a alta diversidade tropical, as quais incluem diversos mecanismos atuantes na dinâmica de espécies arbóreas. Tradicionalmente,​ modelos que focam em fatores dependentes da densidade eram freqüentemente contrastados com modelos baseados na segregação de hábitats e nichos para explicar a coexistência de espécies, ainda que atualmente sabe-se que atuem concomitantemente na estruturação das comunidades. Por esse motivo, os descrevemos em linhas gerais. Apresentamos,​ também, como o estudo da distribuição espacial de uma espécie pode dar indícios de processos subjacentes responsáveis pelos padrões gerados, os quais devem ser inferidos e posteriormente testados. Adicionalmente,​ resumimos uma teoria em especial, a qual embasa o capítulo seguinte e foi o ponto inicial dessa dissertação:​ o Modelo Janzen-Connell. Além de termos explorado brevemente seu contexto conceitual, também revisamos os principais resultados de investigações de seus efeitos em outras áreas de estudo e com diferentes metodologias. Como os dois demais capítulos foram desenvolvidos utilizando a mesma área e espécie de estudo, também incluímos neste capítulo suas respectivas descrições. Para testar o modelo Janzen-Connell (Capítulo 2), nós delineamos um experimento no qual avaliamos os danos por herbivoria, a mortalidade e o desempenho das plântulas de C. brasiliense,​ sob diferentes tratamentos:​ proteção contra herbivoria, distância e agrupamento de adultos coespecíficos. Encontramos que os efeitos dependentes da distância e da densidade não atuaram como previsto pela teoria para a espécie de estudo, a qual, apesar de ter sofrido altos danos por herbivoria, mostrou-se tolerante e apresentou crescimento compensatório em resposta a estes. Além de termos proposto que a pressão por seus herbívoros especialistas parece encontrar-se amplamente distribuída na área de estudo, e não agregada ao redor de densidades de coespecíficos,​ também sugerimos que o micro-hábitat,​ especialmente a umidade do solo parece ser melhor preditora da sobrevivência da espécie do que a herbivoria. No Capítulo 3, portanto, testamos a ocorrência de associação da espécie com o hábitat de solo, como proposto no capítulo 2. Para isso, adotamos uma abordagem conjunta com o estudo da distribuição espacial, possibilitando a inferência de outros mecanismos possivelmente relacionados com a dinâmica da espécie, além do micro-hábitat. Caracterizamos o padrão de distribuição espacial através do uso de metodologias espaciais de segunda-ordem complementares:​ K-Ripley e O-ring, e testamos a questão da associação com hábitat a partir de torus translation,​ uma metodologia relativamente nova que incorpora a autocorrelação espacial entre troncos coespecíficos. Além de detectarmos um padrão de distribuição agregado, com escalas críticas de agregação variáveis entre as classes de tamanho investigadas,​ encontramos que a espécie apresenta uma associação positiva com o tipo de solo alagável (Neossolo), onde sua densidade relativa foi 30% maior em comparação com os outros tipos de hábitat. Os adultos, além de terem se mostrado positivamente associados a esse solo, também apresentaram uma associação negativa com os solos mais arenosos e menos úmidos. Os jovens, encontrados em relativamente baixa densidade, não mostraram associação com nenhum hábitat de solo. Sugerimos que a tolerância ao encharcamento e à condições anóxicas, bem como a ocorrência de hidrocoria como uma de suas formas de dispersão, os principais fatores favoráveis à sua sobrevivência e rápido desenvolvimento ontogenético nessas condições de solo. Utilizamos informações sobre a ecologia de //C. brasiliense//​ já disponibilizadas por outros estudos para inferir ou excluir possíveis fatores relacionados com sua distribuição espacial, e a associação com hábitat e o experimento de herbivoria (Capítulo 2) como testes desses possíveis fatores. Nas considerações finais, reunimos todas as informações propostas e testadas sobre os mecanismos que atuam na dinâmica de //C. brasiliense//​ e sugerimos que o padrão espacial agregado detectado para a espécie pode ser decorrente da interação entre três fatores principais: (1) associação diferenciada com ambos tipos de solos, alagáveis e arenosos; (2) ocorrência simultânea e complementar de três agentes dispersores da espécie (vento, morcego e água) e (3) alta competição intra-específica dependente da densidade, ao longo do estágio ontogenético. Finalizamos com a construção de um modelo hipotético acompanhado de predições testáveis sobre a distribuição espacial e dinâmica da espécie. Estes resultados atribuem à ação conjunta de processos bióticos e abióticos a possível resposta para complementarmos o entendimento sobre o padrão espacial encontrado, como já sugerido por outros estudos nos trópicos. **Resumo:** Muitas teorias, englobando diferentes fatores e mecanismos, já foram postuladas para explicar a alta coexistência de espécies arbóreas nos trópicos, a qual permanece como uma questão intrigante e subentendida na ecologia vegetal. O estudo da dinâmica de árvores ao nível populacional contribui e embasa, por sua vez, o entendimento desses fatores e mecanismos atuando ao nível da comunidade. O objetivo geral do presente estudo foi investigar alguns aspectos relacionados com a dinâmica de uma espécie arbórea comum //​Calophyllum brasiliense//​ Camb.(Clusiaceae) em floresta de restinga alta Ilha do Cardoso, Cananéia, SP. Para isso, além de termos testado se a sobrevivência e o desempenho de suas plântulas estavam relacionados com níveis de herbivoria dependentes da densidade, testamos se a ocorrência da espécie apresentava associação com hábitats de solo e caracterizamos sua distribuição espacial na área de estudo. Na Introdução Geral (Capítulo 1) nós enumeramos as principais teorias já propostas para explicar a alta diversidade tropical, as quais incluem diversos mecanismos atuantes na dinâmica de espécies arbóreas. Tradicionalmente,​ modelos que focam em fatores dependentes da densidade eram freqüentemente contrastados com modelos baseados na segregação de hábitats e nichos para explicar a coexistência de espécies, ainda que atualmente sabe-se que atuem concomitantemente na estruturação das comunidades. Por esse motivo, os descrevemos em linhas gerais. Apresentamos,​ também, como o estudo da distribuição espacial de uma espécie pode dar indícios de processos subjacentes responsáveis pelos padrões gerados, os quais devem ser inferidos e posteriormente testados. Adicionalmente,​ resumimos uma teoria em especial, a qual embasa o capítulo seguinte e foi o ponto inicial dessa dissertação:​ o Modelo Janzen-Connell. Além de termos explorado brevemente seu contexto conceitual, também revisamos os principais resultados de investigações de seus efeitos em outras áreas de estudo e com diferentes metodologias. Como os dois demais capítulos foram desenvolvidos utilizando a mesma área e espécie de estudo, também incluímos neste capítulo suas respectivas descrições. Para testar o modelo Janzen-Connell (Capítulo 2), nós delineamos um experimento no qual avaliamos os danos por herbivoria, a mortalidade e o desempenho das plântulas de C. brasiliense,​ sob diferentes tratamentos:​ proteção contra herbivoria, distância e agrupamento de adultos coespecíficos. Encontramos que os efeitos dependentes da distância e da densidade não atuaram como previsto pela teoria para a espécie de estudo, a qual, apesar de ter sofrido altos danos por herbivoria, mostrou-se tolerante e apresentou crescimento compensatório em resposta a estes. Além de termos proposto que a pressão por seus herbívoros especialistas parece encontrar-se amplamente distribuída na área de estudo, e não agregada ao redor de densidades de coespecíficos,​ também sugerimos que o micro-hábitat,​ especialmente a umidade do solo parece ser melhor preditora da sobrevivência da espécie do que a herbivoria. No Capítulo 3, portanto, testamos a ocorrência de associação da espécie com o hábitat de solo, como proposto no capítulo 2. Para isso, adotamos uma abordagem conjunta com o estudo da distribuição espacial, possibilitando a inferência de outros mecanismos possivelmente relacionados com a dinâmica da espécie, além do micro-hábitat. Caracterizamos o padrão de distribuição espacial através do uso de metodologias espaciais de segunda-ordem complementares:​ K-Ripley e O-ring, e testamos a questão da associação com hábitat a partir de torus translation,​ uma metodologia relativamente nova que incorpora a autocorrelação espacial entre troncos coespecíficos. Além de detectarmos um padrão de distribuição agregado, com escalas críticas de agregação variáveis entre as classes de tamanho investigadas,​ encontramos que a espécie apresenta uma associação positiva com o tipo de solo alagável (Neossolo), onde sua densidade relativa foi 30% maior em comparação com os outros tipos de hábitat. Os adultos, além de terem se mostrado positivamente associados a esse solo, também apresentaram uma associação negativa com os solos mais arenosos e menos úmidos. Os jovens, encontrados em relativamente baixa densidade, não mostraram associação com nenhum hábitat de solo. Sugerimos que a tolerância ao encharcamento e à condições anóxicas, bem como a ocorrência de hidrocoria como uma de suas formas de dispersão, os principais fatores favoráveis à sua sobrevivência e rápido desenvolvimento ontogenético nessas condições de solo. Utilizamos informações sobre a ecologia de //C. brasiliense//​ já disponibilizadas por outros estudos para inferir ou excluir possíveis fatores relacionados com sua distribuição espacial, e a associação com hábitat e o experimento de herbivoria (Capítulo 2) como testes desses possíveis fatores. Nas considerações finais, reunimos todas as informações propostas e testadas sobre os mecanismos que atuam na dinâmica de //C. brasiliense//​ e sugerimos que o padrão espacial agregado detectado para a espécie pode ser decorrente da interação entre três fatores principais: (1) associação diferenciada com ambos tipos de solos, alagáveis e arenosos; (2) ocorrência simultânea e complementar de três agentes dispersores da espécie (vento, morcego e água) e (3) alta competição intra-específica dependente da densidade, ao longo do estágio ontogenético. Finalizamos com a construção de um modelo hipotético acompanhado de predições testáveis sobre a distribuição espacial e dinâmica da espécie. Estes resultados atribuem à ação conjunta de processos bióticos e abióticos a possível resposta para complementarmos o entendimento sobre o padrão espacial encontrado, como já sugerido por outros estudos nos trópicos.
 +
 +=== FARIA, Mariana Brando Balazs da Costa ===
 +[[https://​teses.usp.br/​teses/​disponiveis/​41/​41134/​tde-15122008-101351/​pt-br.php|Dissertação completa.pdf]]
 +
 +**Diversidade e regeneração natural de árvores em florestas de restinga na Ilha do Cardoso, Cananéia, SP, Brasil**
 +
 +**Resumo:** Esta dissertação teve como objetivo analisar a dinâmica de regeneração natural de três formações florestais de restinga (uma Floresta de Restinga Alta Seca - RAS; uma Floresta de Restinga Alta Alagada - RAA; e uma Floresta de Restinga Baixa - RB) com diferentes condições edáficas, composições florísticas e estruturas, da Ilha do Cardoso, Cananéia, SP. Ao longo de um ano, procuramos entender os mecanismos que promovem as variações na composição e estrutura arbórea desses três sistemas. Para isso, entre fevereiro de 2007 e janeiro de 2008 nós acompanhamos a chuva de sementes das três florestas através 90 coletores de sementes de 0,5 m² (30 em cada floresta; Capítulo 1) e a comunidade de plântulas 50 cm de espécies arbóreas, através de 270 parcelas de 1 m² (90 em cada floresta; Capítulo 2). A dinâmica de regeneração natural das florestas foi analisada a partir dos dados de chuva de sementes, da dinâmica de plântulas (três censos em 12 meses), dos dados pré-coletados dos indivíduos arbóreos com DAP 5 cm das três florestas mais os dados ambientais de abertura de dossel (disponibilidade de luz) e teor de matéria orgânica (MO) no solo (Capítulo 3). Em relação à chuva de sementes, a RB apresentou quase o dobro de sementes do que as outras florestas. Por outro lado, a RAS e a RAA apresentaram uma diversidade de espécies significativamente maior do que a RB e uma elevada similaridade florística e estrutural. Quanto à síndrome de dispersão, mais de 95% das sementes e das espécies amostradas foram zoocóricas,​ indicando a importância da zoocoria para a manutenção e estruturação dessas florestas. As espécies de sementes apresentaram uma alta correspondência com as espécies da comunidade arbórea adulta adjacente aos coletores, sugerindo que as semelhanças e as diferenças de diversidade,​ de composição florística e de estrutura entre a chuva de sementes da RAS, da RAA e da RB observadas são reflexo da diversidade,​ da composição florística e da estrutura da comunidade de espécies arbóreas local das três formações florestais. Além disso, como as sementes apresentaram um padrão de deposição agregado e próximo à planta-mãe,​ propusemos que as espécies das florestas estudadas são principalmente limitadas em relação ao local adequado para a germinação de suas sementes e não à dispersão. Para as plântulas, encontramos uma maior diversidade e riqueza por 3 m² na RB, o oposto do que era esperado, já que a Floresta de Restinga Alta é conhecida por ser uma formação mais complexa e com maior diversidade,​ em relação aos adultos arbóreos, do que a Floresta de Restinga Baixa. Propusemos, portanto, um modelo hipotético de estruturação dessas comunidades no qual as florestas são estruturadas de formas distintas devido a filtros ecológicos,​ como a disponibilidade de luz e de nutrientes e eventos estocásticos,​ que limitam a germinação e o estabelecimento de plântulas, juvenis e adultos. Predizemos também que a inversão de diversidade entre as comunidades de plântulas e de adultos deve-se a processos dependentes da densidade decorrentes do estabelecimento diferenciado na fase de plântula. No Capítulo 3 foi possível testar algumas partes do modelo hipotético de estruturação das comunidades proposto no Capítulo 2. Concluímos que a dinâmica de regeneração natural e seus filtros bióticos e abióticos realmente são importantes para estruturação das comunidades de restinga estudadas. A RB apresentou uma maior abertura de dossel (maior disponibilidade de luz) do que a RAS e a RAA. O recrutamento,​ a densidade e a riqueza (em 3 m²) de plântulas estiveram positivamente relacionados com a abertura de dossel. No entanto, a RAS e a RAA apresentaram um maior teor de MO do que a RB, e a diversidade da comunidade arbórea adulta esteve positivamente relacionada com a MO. Assim, a disponibilidade de luz parece ser um filtro abiótico importante na germinação e no estabelecimento das plântulas, levando a maiores recrutamentos,​ densidades e riqueza por 3m² na RB quando comparado à RAS e à RAA. Entretanto, na passagem de plântula/​juvenil para adulto a menor densidade de indivíduos e a maior disponibilidade de nutrientes na RAS e na RAA beneficiariam a permanência das espécies, levando à maior diversidade de espécies encontrada nessas florestas.
 +
 +=== CASTANHO, Camila de Toledo ===
 +[[https://​teses.usp.br/​teses/​disponiveis/​59/​59139/​tde-12092005-153618/​pt-br.php|Dissertação completa.pdf]]
 +
 +**Resumo:** A atividade de decomposição constitui-se em importante indicador do padrão funcional dos ecossistemas,​ pois controla processos básicos relacionados à disponibilidade de nutrientes e produtividade. Salienta-se a importância das características climáticas,​ edáficas, da qualidade da serapilheira e da fauna do solo como determinantes no processo de decomposição. No entanto, a importância de cada um destes fatores varia em escalas de tempo e espaço. O objetivo deste trabalho foi avaliar a importância de alguns fatores determinantes na decomposição em trechos representativos dos principais ecossistemas florestais do Estado de São Paulo. Para tanto foram conduzidos dois experimentos independentes. O primeiro, aqui denominado Experimento Exóticas, examinou os efeitos do tipo florestal e da fauna do solo sobre a decomposição de folhas de uma espécie exótica (//Laurus nobilis L.//) em duas florestas úmidas (Floresta de Restinga do Parque Estadual da Ilha do Cardoso e Floresta Atlântica de Encosta do Parque Estadual Carlos Botelho) e uma floresta estacional (Floresta Estacional Semidecidual da Estação Ecológica de Caetetus). Os efeitos destes fatores foram testados em duas situações:​ acima e abaixo da superfície simulando então o ambiente de decomposição de folhas e raízes respectivamente. O tipo florestal apresenta efeito superior à fauna acima da superfície,​ enquanto abaixo apenas o efeito da fauna é significativo. Esses resultados indicam que a hierarquia dos fatores determinantes na decomposição difere para folhas e raízes. Se por um lado a decomposição de folhas é muito mais susceptível às mudanças climáticas do que a de raízes, por outro, alterações na comunidade afetam a decomposição em ambas as condições. Acima da superfície,​ a fauna apresentou efeito significativo apenas na Floresta Atlântica de Encosta, sendo essencial na diferenciação das duas florestas úmidas. Abaixo da superfície e na ausência da fauna, a porcentagem de massa remanescente foi muito similar nas três florestas. No entanto, diferenças entre as florestas, na presença da fauna, tornam-se aparentes sugerindo que há contribuição específica da fauna na decomposição de raízes destas florestas. A Floresta de Restinga apresentou o efeito mais pronunciado da fauna abaixo do solo. Esses resultados indicam que a fauna é um fator de notável importância na determinação da decomposição de raízes, particularmente em florestas tropicais úmidas arenosas. Outro experimento,​ aqui denominado Experimento Nativas, foi desenvolvido para avaliar o efeito do substrato e da formação florestal na decomposição de folhas de quatro espécies nativas em trechos das quatro principais formações florestais do Estado de São Paulo. Para tanto, o experimento foi desenvolvido nos três trechos florestais do experimento Exóticas incluindo ainda o Cerradão da Estação Ecológica de Assis. Foi escolhida uma espécie de árvore, em cada um dos tipos florestais, para que suas folhas fossem usadas como substrato nas bolsas de serapilheira. Tipo florestal e substrato demonstraram efeito significativo sobre a quantidade de massa remanescente ao longo do experimento. A maior parte das espécies sofreu maiores perdas na Floresta Atlântica, seguida da Floresta de Restinga, Floresta Estacional e Cerradão. Esses resultados sugerem que o total de precipitação associado a sua distribuição são importantes determinantes no processo de decomposição,​ de forma que as duas florestas mais úmidas apresentam, em média, taxas de decomposição duas vezes maiores do que as duas florestas estacionais. As demais diferenças encontradas entre as formações florestais devem ser explicadas por características edáficas e bióticas. Em relação ao efeito das espécies, observaram-se as maiores perda de massa em //​Esenbeckia leiocarpa Engl.//, seguida de //Copaifera langsdorfii Desf.//, //Guapira opposita Vell.// e //​Calophyllum brasiliensis Camb.//. Os parâmetros químicos só mostram correlação negativa significativa com as taxas de decomposição quando G. opposita é excluída da análise. Neste caso a porcentagem de lignina foi o parâmetro que apresentou melhor correlação (r2= 0,59). Apesar dos padrões gerais apresentados acima, a interação entre tipo florestal e substrato evidencia algumas variações,​ que se relacionam principalmente ao aumento relativo na perda de massa de //C. langsdorfii//​ em sua área de origem, o Cerradão. Quando comparadas as taxas de decomposição (k) encontradas na Floresta Estacional e no Cerradão, //C. langsdorfii//​ apresenta decaimento 40% maior no Cerradão, enquanto as demais espécies apresentam, em média, taxas 28% menores no Cerradão do que na Estacional. Esses resultados sugerem estreita correlação entre a comunidade decompositora e a serapilheira local. O estudo do processo de decomposição,​ reconhecendo seus fatores determinantes e a variação na hierarquia desses fatores em diferentes condições ambientais, como apresentado nesse trabalho, é de fundamental importância,​ não só para o entendimento dos ecossistemas florestais de São Paulo, mas para o planejamento de atividades de manejo, restauração e conservação.
  
  
 =====Monografias (Iniciação Científica e trabalhos de conclusão de graduação)===== =====Monografias (Iniciação Científica e trabalhos de conclusão de graduação)=====
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 +=== AULER, Jennifer Prestes ===
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 +**Efeito do aumento da heterogeneidade ambiental sobre a distribuição espacial de árvores**
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 +**Resumo:** Entender os mecanismos de coexistência de espécies é uma questão central na
 +Ecologia, dentre eles destacam-se a limitação de dispersão e processos de nicho. Enquanto o primeiro pode ser definido como a impossibilidade de recrutar indivíduos em todos os lugares apropriados à sobrevivência,​ o segundo se dá por espécies diferentes terem maior fitness em determinados ambientes. Ambos os processos causam agregações
 +de indivíduos da mesma espécie e, assim, afetam o padrão espacial da comunidade. Com o objetivo de verificar a influência da heterogeneidade ambiental na importância relativa desses dois processos, utilizamos dados de três parcelas permanentes de 25ha na Amazônia pertencentes à rede ForestGEO. As parcelas do Brasil (Manaus) e Equador
 +(Yasuní) são significativamente mais diversas que a da Colômbia (Amacayacu) e estas possuem diferentes níveis de heterogeneidade ambiental (Amacayacu < Manaus < Yasuní). Quatro modelos espaciais foram ajustados para as 1196 espécies de árvores analisadas (abundância > 70 indivíduos):​ Aleatoriedade Espacial (AE), Processos de
 +nicho (HA), Limitação de Dispersão (LD) e efeito conjunto (HA+LD). O modelo mais plausível foi definido através de uma árvore de seleção utilizando uma combinação de critérios de AIC, Goodness-of-Fit (DCLF test) e parcimônia. Os resultados foram
 +ajustados a um modelo multinomial para verificar se as localidades diferiam na
 +probabilidade de seleção dos modelos concorrentes. Manaus e Yasuní não diferem em
 +nesta probabilidade,​ sendo observado 85,6% e 83% de algum modelo que incorpora nicho
 +(HA e HA+LD) selecionado. Já em Amacayacu obtivemos 57,5% HA e HA+LD
 +selecionados,​ sendo a proporção de nenhum modelo selecionado muito maior (40%
 +contra 11% e 14.5% para Manaus e Yasuní respectivamente). Em todos os locais HA+LD
 +representou a maior proporção de espécies, no entanto a LD representou apenas
 +aproximadamente 1% das espécies. Atribuímos essa diferença à menor heterogeneidade
 +ambiental em Amacayacu, uma vez que em Manaus e Yasuní a maioria das espécies
 +tiveram sua distribuição explicada por processos que incorporam nicho. Concluímos que
 +1) O grau de heterogeneidade influencia a importância relativa dos processos
 +estruturadores da comunidade, 2) A menor importância de HA não implica aumento
 +proporcional de LD, 3) Locais com maior proporção de mecanismos de coexistência tem
 +maior diversidade. ​
 + 
 +=== TRUFFI, Luisa de Oliveira Costa ===
 +
 +**Análise da estrutura Filogenética de dois ambientes da Mata Atlântica: Floresta de Restinga e Floresta de Encosta**
 +
 +**Resumo:** Os processos de limitação de similaridade ecológica e de filtro ambiental podem influenciar a composição de organismos presentes em uma comunidade local. Em comunidades nas quais as características dos organismos tendem a ser conservadas na filogenia, é possível inferir a importância relativa desses dois processos para a estrutura das comunidades por meio da análise da estrutura filogenética da comunidade. O processo
 +de filtro ambiental tenderia a gerar comunidades com padrão filogenético agregado, pois os organismos tenderiam a ter características similares para persistirem sob condições ambientais mais restritivas e o processo de limitação de similaridade ecológica levaria a sobredispersão filogenética,​ pois os organismos tenderiam a ter baixa similaridade de características. Esse estudo teve como objetivo analisar comparativamente a estrutura filogenética de comunidades de árvores em dois ambientes da Mata Atlântica: as Florestas de Restinga e as Florestas de Encosta. Os dois ambientes ocorrem em regiões geográficas adjacentes, mas as condições edáficas das Florestas de Restinga são consideradas mais restritivas ao desenvolvimento vegetal. Por isso, era esperado que essa comunidade
 +apresentasse um padrão filogenético mais agregado que as comunidades de Floresta de Encosta. Através do banco de dados TreeCo, 60 sites foram selecionados para o estudo, sendo 16 de Floresta de Restinga e 44 de Floresta de Encosta. A estrutura filogenética das comunidades dos dois ambientes foi comparada pela análise dos índices de distância filogenética:​ SESmpd e SESmntd. Para isso, foi construída uma árvore filogenética com todos os 363 gêneros que ocorrem em ao menos um dos sites estudados. Como resultado destas análises foi observado que não existe diferença dos valores de SESmpd e SESmntd entre os ambientes e que esses valores não foram, em média, diferentes do esperado pelo modelo nulo. Esses resultados indicam que os fatores edáficos não são um filtro forte para seleção de gêneros para as Florestas de Restinga. A estrutura não ser diferente do esperado pelo modelo nulo pode indicar que provavelmente os processos de filtro ambiental e limitação de similaridade ecológica não são mutuamente exclusivos, estão ocorrendo de maneira conjunta e em equilíbrio ou que processos baseados na teoria neutra são
 +predominantes nessas comunidades. ​
 +
 +=== PEREIRA, Thiago === 
 +
 +**Efeitos da qualidade de luz na germinação de sementes das espécies de Myrtaceae da restinga da Ilha do Cardoso** ​
 +
 +**Resumo:** A família Myrtaceae é uma das famílias consideradas ecologicamente mais importantes no Brasil, especialmente na Mata Atlântica, sendo a família dominante em diversas florestas tropicais. Em áreas de restinga especificamente,​ a família Myrtaceae destaca-se pela grande riqueza de espécies, sendo, entre as arbóreas, freqüentemente a mais diversa. Entretanto, existem poucos estudos de cunho ecológico e fisiológico sobre essa família. O conhecimento sobre as condições de germinação das sementes, no caso de espécies de Myrtaceae fornece resultados que podem ser úteis tanto em estudos evolutivos sobre a família Myrtaceae, quanto para a indicação da fase sucessional correta para o uso de determinadas espécies em projetos de restauração de áreas tropicais. No presente estudo foram realizados experimentos de germinação em laboratório,​ primeiramente em luz branca e escuro para as espécies //Eugenia umbelliflora//,​ //Myrcia multiflora//​ e //​Blepharocalyx salicifolius//​ e posteriormente em diferentes razões Vermelho/​Vermelho extremo para a espécie //Eugenia umbelliflora//​. A germinação foi acompanhada a cada 2 dias, durante um período de 60 dias e adicionalmente a cada 7 dias até completar 90 dias. As sementes das três espécies germinaram na presença de luz e no escuro, indicando que as suas sementes apresentam grande plasticidade ambiental quanto, podendo ocupar diferentes ambientes em relação à qualidade de luz. //E. umbelliflora//​ e //B. salicifolius//​ se apresentaram como indiferentes à luz tendo germinação controlada pelo fitocromo A (fiA), através de uma resposta de fluência muito baixa (RFMB), enquanto M. multiflora apresentou uma maior porcentagem de germinação sob luz branca, apresentando indícios de ser fotoblástica positiva, porém necessitando de estudos complementares. Os testes, em diferentes níveis de V/VE, para //E. umbelliflora//​ reforçam que essa espécie tem ampla plasticidade ambiental, com a capacidade de germinar tanto em clareiras quanto sob o dossel.
 +
 +=== ROSA, Matheus Guthierris Bitencourt === 
 +
 +**Estrutura filogenética de comunidades de plântulas em florestas de Restinga com diferentes condições ambientais**
 +
 +**Resumo:** Comunidades ecológicas frequentemente diferem em riqueza, composição e
 +abundância das espécies, refletindo diferentes processos de montagem. Processos
 +baseado no nicho e processos neutros podem interagir na estruturação de diferentes
 +comunidades. Acessar a estrutura filogenética de comunidades pode permitir a
 +inferência de processos de nicho em relação a processos neutros, se as distâncias
 +filogenéticas entre espécies co-ocorrentes refletem diferenças de nicho. Por um lado,
 +se as tolerâncias das espécies às condições abióticas são filogeneticamente
 +conservadas,​ intenso filtro ambiental deve promover maior parentesco filogenético
 +entre espécies co-ocorrentes que o esperado ao acaso. Por outro lado, interações
 +negativas entre espécies, como a competição por recursos limitados, pode limitar o
 +parentesco filogenético no local, principalmente em escalas menores. No estágio de
 +plântula, a competição pode não ser forte o suficiente para impor um sinal não-
 +aleatório na estrutura filogenética do ambiente como um todo, mas deve ser
 +importante na montagem de vizinhanças locais. Neste trabalho, pretendemos
 +comparar a estrutura filogenética de comunidades de plântulas em três fisionomias
 +florestais de Restinga no Parque Estadual da Ilha do Cardoso (Restinga Alta
 +Alagada - RAA, Restinga Alta Drenada - RAD e Restinga Baixa - RB) a fim de inferir
 +a importância relativa de diferentes processos de montagem em duas escalas
 +hierárquicas. Descrevemos a estrutura filogenética da fisionomia e das vizinhanças
 +locais através da média das distâncias filogenéticas entre pares de espécies co-
 +ocorrentes (mean pairwise distance – MPD), por dois cálculos possíveis:
 +considerando apenas a presença da espécie no local e ponderando pelas
 +abundâncias das espécies. Na escala da fisionomia, para avaliar se a composição
 +de espécies em diferentes florestas de Restinga difere do esperado ao acaso,
 +comparamos a média filogenética dos pares de espécies que ocorrem em cada
 +fisionomia com uma distribuição de médias geradas pelo sorteio das espécies de um
 +pool de árvores adultas na Parcela Permanente da Ilha do Cardoso. Encontramos
 +que a média filogenética entre pares de espécies de plântulas em diferentes
 +fisionomias florestais da Restinga, no geral, não difere do esperado ao acaso. Na
 +escala das vizinhanças,​ para avaliar se a estrutura filogenética de plântulas vizinhas
 +espacialmente difere entre florestas de Restinga, comparamos a estatística F de
 +uma Análise de Variância simples (ANOVA) com uma distribuição de F gerada pela
 +permutação das médias por tríade entre os ambientes. A partir disso, realizamos um
 +teste a posteriori para avaliar as diferenças absolutas na média de cada par de
 +grupo de vizinhanças. Encontramos que a distribuição de médias filogenéticas por
 +tríade na floresta de Restinga Baixa difere da distribuição de médias por tríade nas
 +Florestas de Restinga Alta, mas a Restinga Alta Alagada e a Restinga Alta Drenada
 +não diferem entre si. Nossos resultados indicam que processos neutros são mais
 +importantes que processos de nicho na montagem de comunidades de plântulas na
 +escala da fisionomia como um todo, embora processos seletivos como a filtragem
 +ambiental ou competição possam ter um papel secundário na estruturação de
 +vizinhanças locais. ​
 +
 +=== MORETTO, Felipe Alexandre ===
 +
 +**Regeneração natural e diversidade de plântulas em um ecossistema de transição planície costeira - encosta**
 +
 +**Resumo:** A comunidade de plântulas da planície costeira do município de
 +Caraguatatuba foi estudada em um fragmento de 50 hectares de Floresta de
 +Transição Restinga – Encosta. A área de estudo foi descrita por meio de 40
 +conjuntos de 3 parcelas de 1m x1m totalizando uma área de 120m2, sendo que 23
 +conjuntos estavam em condição alagada e 17 em condição não alagada (seca).
 +Foram obtidas medidas de abertura de dossel com o auxilio do densiômetro. Ao total
 +foram identificadas 507 plântulas, representando uma média de 4,23 plântulas por
 +m2. Foi possível observar uma riqueza elevada, com 82 espécies diferentes. As
 +espécies mais abundantes foram //​Calypthrantes sp// (107), //Myrtaceae sp1// (82) e
 +//Annona cf reticulada//​ (19). A família Myrtaceae apresentou a maior riqueza de
 +espécies, totalizando 18 espécies. As parcelas alagadas apresentaram em média,
 +9,99 plântulas por 3m2 e as secas 15,69 por 3m2. A média de espécies nas áreas
 +alagadas foi de 3,69 espécies por 3m2 e nas parcelas secas foi de 6,11 plântulas por
 +3m2. As predições deste estudo foram que as áreas alagadas deveriam conter o
 +menor número de espécies e a menor riqueza de espécies em relação ás áreas não
 +alagadas. Para a abertura de dossel era esperado que áreas mais abertas
 +possuíssem maior numero de plântulas e maior riqueza de espécies. No entanto
 +após a aleatorização dos dados não foi possível observar que áreas alagadas
 +tinham menor riqueza e menor número de espécies (p =0,33). O aumento da
 +porcentagem da abertura do dossel não afetou significativamente o número de
 +plântulas (p= 0,23) nem a riqueza de espécies (p=0,44). Dessa forma, os resultados
 +indicam que essa variáveis ambientais não são suficientes para explicar a variação
 +observada na abundância e na riqueza de espécies de plântulas nesse ecossistema.
 +No entanto outros fatores podem ser limitantes para o estabelecimento de plântulas.
 +Entre os fatores possíveis, a perturbação antrópica da área para retirada do palmito
 +(Euterpe edulis), o grande número de trilhas traçadas na região (pisoteio de mudas)
 +e a competição com as herbáceas merecem estudos mais detalhados no futuro.
 +
 +=== DIAS, Julia de Freitas ===
 +
 +**Levantamento de Produção de Mudas de Espécies de Restinga em Viveiros do Estado de São Paulo: Implicações para a restauração ecológica**
 +
 +**Resumo:** Para ser viável a realização de projetos de restauração seguindo as indicações científicas e da
 +legislação é essencial que exista disponibilidade de mudas em viveiros com alta diversidade
 +de espécies e, se possível, genética. Com o propósito de conhecer a disponibilidade atual de
 +mudas, a capacidade de produção e os principais limitantes para a produção de uma alta
 +diversidade de espécies de ambientes de restinga, foi realizado um levantamento dos viveiros
 +que trabalham com mudas de espécies deste ecossistema no Estado de São Paulo. No total,
 +foram contatados 122 viveiros e 41 municípios,​ resultando em apenas seis viveiros que
 +produzem mudas a partir de material proveniente de áreas de restinga. A definição do perfil
 +da produção de mudas de restinga nestes seis viveiros foi feita por meio de aplicação de
 +questionários técnico e administrativo. Entre os principais resultados obtidos neste
 +levantamento,​ pode-se destacar a pequena quantidade de mudas de restinga produzidas no
 +litoral norte, as dificuldades na etapa de obtenção sementes relacionadas ao processo de
 +coleta, a desarticulação dos setores envolvidos na produção de mudas de restinga, a ínfima
 +participação dos municípios na produção de mudas e a percepção dos produtores de mudas
 +sobre mudanças dos períodos de frutificação das espécies em suas áreas de coleta. Este estudo
 +evidencia a atual carência da produção de mudas de restinga e pode servir como um
 +instrumento de divulgação dos viveiros que trabalham com este ecossistema,​ facilitando o
 +contato entre eles e com grupos de planejamento de restauração.
 +
 +=== HAGA, Eloísa Brandão === 
 +
 +**Existe relação entre características morfológicas da semente e o tempo de germinação em espécies simpátricas da família Myrtaceae em uma floresta de restinga?**
 +
 +**Resumo:** Em áreas de restingas brasileiras,​ que são encontradas ao longo da costa do Brasil, no
 +domínio da Floresta Atlântica, a família Myrtaceae destaca-se pela alta riqueza de espécies,
 +além da alta densidade de indivíduos. Apesar da sua importância na estrutura das florestas,
 +estudos voltados à ecologia dessa família ainda são escassos. Analisar se as características da
 +semente (tamanho da semente, espessura do tegumento e morfologia da plântula) estão
 +relacionadas com o tempo de germinação e como o tempo de germinação e essas
 +características estão distribuídos em relação à filogenia da família, pode fornecer indícios
 +sobre o papel de fatores ecológicos ou filogenéticos como reguladores do estabelecimento das
 +espécies. Foram realizados os experimentos com 10 espécies de Myrtaceae, cujas sementes
 +foram pesadas, o comprimento do maior eixo e a espessura do tegumento foram medidos e a
 +morfologia da plântula foi descrita. As sementes foram colocadas para germinar e foram
 +submetidas a um tratamento de luz branca e um tratamento de escuro total. O fotoperíodo e a
 +temperatura foram mantidos constantes em, respectivamente,​ 12h e 22,3 ̊C. O número de
 +sementes germinadas foi avaliado a cada 2 dias durante um período de 60 dias e
 +adicionalmente a cada 7 dias até completar 90 dias. Não foi observada relação entre o
 +tamanho das sementes e o tempo médio de germinação e nem entre a espessura do tegumento
 +e o tempo médio de germinação. Estes resultados sugerem que as interações ecológicas não
 +parecem ser tão importantes para moldar o tempo de germinação dessas espécies. Nenhuma
 +restrição filogenética foi observada, pois tanto as características analisadas da semente quanto
 +os tempos médios de germinação estão distribuídos entre diferentes grupos filogenéticos
 +dentro da família. A relação entre a morfologia da plântula e o tempo médio de germinação
 +foi observada, indicando uma possível restrição biofísica, pelo fato, da radícula estar
 +envolvida pelos cotilédones de reserva, resultando no atraso da germinação. Além disso, é
 +possível que um fator ecológico esteja influenciando o tempo de germinação dessas espécies,
 +uma vez que as espécies com cotilédones fotossintéticos apresentaram germinação mais
 +rápida, o que poderia favorecer a obtenção de uma maior quantidade de luz, aumentando as
 +chances de estabelecimento antes que outras espécies se estabeleçam e formem sombra sobre
 +elas.
 +
 +=== PEREIRA, Nathália Helena Azevedo ===  ​
 +
 +**Distribuição espacial de bromélias tanque terrestres em restinga: causas e consequências**
 +
 +**Resumo:** O padrão de distribuição espacial de plantas resulta da ação conjunta dos fatores bióticos e
 +abióticos, compreendendo desde a competição por espaço à disponibilidade de nutrientes, luz e água. Analisar os fatores que variam no espaço, tais como a incidência de luz e as características edáficas, é fundamental para a compreensão do controle que estes fatores podem ter sobre a distribuição espacial das espécies vegetais em ambientes naturais. O presente estudo teve como objetivo avaliar possíveis fatores determinantes da distribuição de
 +bromélias terrestres, grupo de plantas extremamente abundante em ambientes de restinga, dominando o estrato herbáceo por grandes extensões. Por outro lado, a presença das bromélias no estrato inferior pode dificultar o estabelecimento de espécies arbóreas e afetar a estrutura da vegetação. Dessa forma, também foram analisadas nesse estudo, as consequências da presença das bromélias sobre a estrutura da vegetação. O estudo foi conduzido num trecho de Floresta Alta de Restinga, no Parque Estadual da Ilha do Cardoso, litoral sul do Estado de São
 +Paulo. Foram amostrados 5,76 ha, em 144 parcelas contíguas de 20 x 20m, nas quais foram registrados o número total de rosetas das bromélias tanque terrestres presentes bem como a porcentagem de cobertura de solo de cada espécie. Foram encontradas sete espécies de bromélias terrestres: //Bromelia antiacantha//,​ //Canistrum cyanthiforme//,​ //​Nidularium innocentii//,​ //​Nidularium procerum//, //Quesnelia arvensis//, //Vriesea carinata// e //Vriesea ensiformis//​ e aproximadamente 50% dos 5,76ha de floresta de restinga amostrados estavam cobertos por bromélias. As espécies que apresentaram os maiores número de rosetas e de área de cobertura foram //N. procerum//, //N. innocentii//​ e //C. cyanthiforme//​. Os resultados indicam que a distribuição de bromélias terrestres está positivamente relacionada com a abertura de dossel e que o aumento da porcentagem de areia grossa entre 5 e 20m de profundidade está relacionada a uma diminuição do número de rosetas por parcela. A riqueza de indivíduos arbóreos adultos diminuiu com o aumento do número de rosetas numa parcela. Não foi observada relação entre a presença de bromélias e a abundância de espécies arbóreas adultas nas parcelas, sugerindo que as bromélias não interferem na estrutura do dossel da floresta e parecem estar utilizando o espaço não ocupado pelas espécies arbóreas.
  
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