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Imagine que cada árvore, arbusto, erva, liana de uma floresta produz vários frutos, e que estes são dispersos (espalhados) pela mata, seja por animais ou pelo vento. Esse conjunto de sementes depositado por todo o espaço da floresta é chamado chuva de sementes. Seu estudo é realizado por meio de coletores (semelhantes à peneiras), que são instalados no interior da mata, e coletam amostras da chuva de sementes.
O objetivo de se estudar a chuva de sementes é descobrir quais espécies estão produzindo frutos em cada época do ano e em que quantidade (estimada em sementes/m²), e ainda se estas sementes são de espécies que ocorrem no local da coleta ou de espécies que não existem no local, ou seja, provavelmente foram levadas de fora.
É possível separá-las por síndrome de dispersão, ou seja, pelo modo como as sementes são transportadas: zoocóricas quando o transporte é feito por animais (aves, mamíferos, formigas, etc), anemocóricas quando o transporte é pelo vento e autocóricas quando a própria planta deixa cair ou lança as sementes (como no caso da Maria-sem-vergonha, cujos frutos maduros “explodem” e lançam as sementes). E ainda separar as espécies por formas de vida: árvores, arbustos, herbáceas, lianas (trepadeiras) e epífitas (como algumas bromélias).
E todas as espécies produzem frutos ao mesmo tempo? Em que época do ano? Bom, isso varia para cada espécie, mas geralmente não frutificam todas exclusivamente em um único período. Essas variações temporais da frutificação também podem ser estudadas através da chuva de sementes.
Mas como uma planta sabe que é hora de frutificar? Em primeiro lugar é preciso lembrar que antes dos frutos vem as flores, e que estão são polinizadas (por aves, insetos, morcegos ou pelo vento) e que só então os frutos se formam e amadurecem. A época em que cada espécie floresce depende de características da própria espécie, da idade do indivíduo e de uma “leitura” que a planta faz do ambiente. Acredita-se que isso acontece pelo fato de a planta “sentir” as variações de temperatura ao longo do ano (por meio de hormônios vegetais).
Como algumas pessoas têm entrado em contato para saber mais detalhes da construção dos coletores, disponibilizamos um esquema. Para saber clique aqui.
O LabTrop vem coletando desde 2007 dados da chuva de sementes em três áreas de floresta de restinga localizadas na Ilha do Cardoso : Restinga Alta Seca e Restinga Alta Alagada (parte da Parcela Permanente do PEIC) e Restinga Baixa (entorno trilhas Didática e das Almas).
As coletas são realizadas mensalmente, sendo que todo o material coletado é triado, ou seja, separa-se as sementes e frutos do restantes do material (galhos, folhas, etc). As sementes são então identificadas por comparação com material coletado e algumas são colocadas para germinar no Viveiro para posterior identificação.
Uma parte dos dados coletados até agora foi utilizado na tese de Mariana Faria , que está disponível aqui.
Para mais informações escrever para : dzanelato@gmail.com (Daniela)